TRADUTOR

terça-feira, 2 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012, RITO DE PASSAGEM DO PSOL E PSTU 1/3


Nesta campanha eleitoral, o PSOL, dispondo de um candidato que já governou para a burguesia, torna-se a opção preferencial para assumir o governo dos ricos contra a classe trabalhadora de Belém

 

O PSOL nasceu em 2005 como um partido pequeno-burguês, uma legenda dirigida por  parlamentares que saíram do PT no primeiro governo Lula. Até hoje, em âmbito federal, o partido nunca possuiu mais do que uma ativa influência parlamentar marginal. Se Edmilson Rodrigues for eleito, o PSOL assumirá pela primeira vez a responsabilidade de governar o Executivo burguês.

O PSOL, conta com a vantagem de ter como candidato um político profissional previamente testado como administrador dos negócios da burguesia. Edmilson governou Belém de 1997 a 2005 e já executou na prefeitura da capital paraense o que candidato do PSOL carioca, Marcelo Freixo*, assegura apenas de palavras para a burguesia: reprimir os trabalhadores municipais que realizarem greves. Mas não só isto: Edmilson recusou-se a conceder qualquer aumento real de salários aos servidores e sucateou postos de saúde para pagar religiosamente a dívida pública junto à União e concedeu isenções fiscais aos grandes empresários. Assim como o PT, substituiu as políticas de reformas universais do capitalismo por “políticas sociais compensatórias” paliativas e assistencialistas.


Durante esta campanha eleitoral, Edmilson já recebeu do patronato (construtoras, tubarões da saúde privada, exportadores e importadores de pescado) em torno de 400 mil reais, fazendo com que o dinheiro recebido por Luciana Genro da Gerdau e da Taurus (pouco mais de 100 mil reais) que na época causou polêmica no PSOL e entre a esquerda nacional pareça uma gorjetinha 4 vezes menor.
http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012/abrirTelaReceitasCandidato.action

Dos 476,4 mil reais arrecadados, 389,4, 80%, vieram das empresas privadas, mudando significativamente o perfil dos financiadores de campanha do PSOL, da pequena burguesia para a burguesia. “Nas eleições de 2010, a maior parte das campanhas do PSOL foi bancada por pessoas físicas.” (Carta Capital, 29/09/2012)
http://www.cartacapital.com.br/politica/edmilson-rodrigues-o-primeiro-prefeito-do-psol/)

A direção do PSOL sabe que estas eleições são decisivas para romper a marginalidade legislativa do partido e para torná-lo uma legenda que vai pela primeira vez gerir a parcela do Estado burguês responsável por uma importante capital do país. O PSOL trilha o caminho já realizado pelo PCdoB, o único partido que ao assumir a vice prefeitura não se aburguesará, pois o PCdoB já administra prefeituras capitalistas, já sendo, portanto, um partido da ordem burguesa.

Edmilson abandou a plataforma reformista padrão do partido e partiu para o abraço com o programa que a burguesia e o aparato burocrático do Estado burguês reivindicam de sua candidatura: “O partido moderou o discurso, abandonou as propostas radicais e até acena ao PT com possível aliança,... com 38,4% de intenções de voto, segundo pesquisa deste mês do instituto Acertar, o PSOL abandonou propostas que defende em outras cidades, como calote da dívida, redução da tarifa de ônibus e corte de cargos de confiança.” (“Com chances de vencer, candidato do PSOL em Belém deixa radicalismos”, Folha de São Paulo, 21/09/2012). E mais, Edmilson defende que é preciso abandonar qualquer resquício de oposição ao partido do governo Dilma nas eleições. “Segundo o candidato, o PSOL tem restrições ao PT, mas o debate pode permitir uma aliança, se aprovada pelo Diretório Nacional.” (idem).

Mas não só ao PT, o PSOL estende a mão. Também com o “patrão”, como é conhecido o senador Jader Barbalho entre seus pares, Edmilson estreita os laços para discutir o segundo turno das eleições, tendo em vista que o candidato oficial e primo do Senador, candidato José Priante (PMDB), estaria segundo as prospecções políticas, fora do páreo. Não foi gratuita a declaração amistosa do próprio Edmilson para com o “patrão”: “Se o Jader Barbalho (senador do Pará alvo de uma série de denúncias), que gosta pouco de mim, conseguir 15 milhões de emenda para Belém, vou dizer: ‘essas emendas são oriundas de iniciativa do senador Jader Barbalho`, porque é uma questão da nossa cidade”. (Carta Capital, 29/09/2012).

Enquanto o PSTU finge cretinamente ares de surpresa e ingenuidade acerca das perspectivas da candidatura Edmilson e oculta seu oportunismo por trás de citações de Lenin e Trotsky “nada a ver” com frentes eleitorais burguesas como a que entusiasticamente compõe, qualquer criança de cinco anos do Guamá ou de Icoaraci sabe que a “nossa cidade” que unifica os interesses do “patrão” e Edmilson Rodrigues se edifica exatamente sobre a exploração da força de trabalho da população da capital paraense. Todo mundo sabe a que fim se destinam também os milhões de “emendas conseguidas” por Barbalho “para a cidade”. Mas para os que não sabem recomendamos que assistam o premiado documentário “Manda Bala”, onde Jader Barbalho está no centro do esquema de lavagem de 9 milhões de dólares da SUDAM supostamente para construir 300 mil fazendas de rãs. Este escândalo de corrupção é retratado no documentário“ do cineasta estadunidense Jason Kohn que tenta explicar, sob seu ponto de vista, as origens da extrema miséria no Brasil. 

O PSOL é a aposta da burguesia regional e nacional para administrar novamente a cidade. A candidatura Edmilson JÁ É UMA CANDIDATURA BURGUESA, realiza uma campanha tipicamente burguesa, com um programa burguês que nem sequer pode ser chamado de reformista e por tudo isto recebe (doações) investimentos de empresas burguesas. A vitória de Edmilson será importante para o PSOL adquirir uma maturidade burguesa, ainda como partido marginal da burguesia, mas já como partido burguês, que administra o executivo burguês. Este passo adiante também será importante para a constituição ou não de uma nova legenda oportunista já anunciada por Heloísa Helena em conjunto com Marina Silva, também apoiadora da candidatura Edmilson. Em Macapá, capital do Amapá, o PSOL encabeça outra frente oportunista composta também pelo mais antigo defensor da conciliação de classes do país, o PCB, juntamente com outros partidos marginais da burguesia PPS, PRB, PRTB, PMN, PTC e PV.

Esse salto de qualidade, em que o PSOL dá uma passo adiante para converter-se de partido pequeno burguês em partido burguês já havia sido prognosticado pela LC quando avaliou o resultado do III Congresso do PSOL.
Diante de tudo que foi exposto, é evidente que um partido revolucionário tem por obrigação denunciar a candidatura Edmilson como parteira do que governará para os patrões contra os trabalhadores. Não há nada que pague o apoio a tal candidatura. Mas nem todos os partidos que se dizem revolucionários pensam assim. É o caso do PSTU cujo preço para ajudar Edmilson a enganar os trabalhadores é a possibilidade de, pegando carona em sua campanha, eleger um vereador do partido.

* Marcelo Freixo é defensor da repressão policial assassina contra os bairros proletários cariocas, sua consigna é "UPPs em todos os morros!". Ele defende o despejo dos moradores da ocupação do Horto, a privatização da saúde através das chamadas Organizações Sociais, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Freixo é apoiado por Marina Silva e setores do PDT e PSDB.